Ações da Oi sobem 7,38% com interesse de Vivo e TIM

12 . março . 2020

A grande exceção no caos do mercado acionário brasileiro ontem foram as empresas de telecomunicações. A associação entre TIM e Vivo para fazer proposta conjunta pelo negócio móvel da Oi, divulgada ao mercado na noite de terça-feira, valorizou os papéis de todas as operadoras.

As ações ordinárias (ON, com voto) da empresa carioca subiram 4,49%, para R$ 0,93, e as preferenciais (PN, sem voto) avançaram 7,38%, para R$ 1,31. Já as ações ON da TIM e as PN da Vivo tiveram alta, respectivamente de 1,23% a R$ 15,70 e 0,48% a R$ 54,32.

O negócio, segundo analistas, pode movimentar entre R$ 8 bilhões a R$ 20 bilhões e solucionar grande parte da reestruturação da operadora carioca. Analistas afirmam ainda que a Oi é a melhor oportunidade para que novas empresas entrem no mercado brasileiro. Em situação financeira delicada, o Grupo Oi teve plano de recuperação judicial aprovado por credores em dezembro de 2018. Com 36,7 milhões de clientes, o negócio móvel da Oi é cobiçado pelas rivais.

No fato relevante da noite de terça-feira, a TIM Participações e a Telefônica Brasil (Vivo) informaram o “interesse em iniciar tratativas com vistas a uma potencial aquisição, em conjunto, do negócio móvel do Grupo Oi, no todo ou em parte”.

No comunicado conjunto, Vivo e TIM informam que, “no caso de concretização da operação, cada uma das interessadas receberá uma parcela do referido negócio.”

A compra, dizem as operadoras, agregaria valor a investidores e usuários por meio de aceleração do crescimento, aumento da eficiência operacional e da qualidade do serviço. Além disso, deve gerar benefícios para o “mercado de telecomunicações em geral, reforçando sua competitividade e capacidade de investimentos”.

A Oi está em recuperação judicial e vive situação delicada, masa possibilidade de sua venda tem gerado otimismo. Em janeiro deste ano, após longa negociação, a Oi vendeu sua fatia de 25% na angolana Unitel. A operadora carioca informou que o negócio foi de US$ 1 bilhão, dos quais US$ 759,2 milhões já foram pagos, e o restante virá até julho.

—Desde que a Oi conseguiu vender sua parte na Unitel, sua situação melhorou. Ela teve, então, um cenário um pouco mais confortável para negociar a venda de sua rede móvel — avalia Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.

CONCENTRAÇÃO DE MERCADO
A Claro, segundo informou o colunista do GLOBO Lauro Jardim, também tem interesse na Oi. De acordo com o colunista, a empresa fez, também na terça-feira, uma proposta pela operação móvel da operadora carioca. Segundo fontes do setor, a Claro chegou a negociar entrar na parceria com TIM e Vivo pela Oi, mas as negociações não avançaram.

Desde agosto do ano passado, a Vivo já vinha conversando com acionistas da Oi, como revelou O GLOBO. Além disso, a venda da operação móvel será importante para definir os critérios finais do leilão 5G, que deve determinar investimentos bilionários no setor.

Ubiratan Mattos, sócio do Mattos Engelberg Advogados, afirmou que, se o negócio for fechado, ele terá que ser analisado primeiramente pela Agência Nacional de Telecomunicações(Anatel), que avaliará aspectos regulatórios. Em seguida, será tratado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica( Cade ).

—A operação, se aprovada, provavelmente estará sujeita a condições impostas pelo Cade —afirmou Mattos, que lembra que a concentração de mercado na área de telefonia é uma tendência global.

Para Paulo Furquim, professor do Insper, em tese a medida pode prejudicar consumidores, reduzindo a concorrência. Ele acredita que há interesses de novas entrantes, como China Telecom, o que não justificaria a venda para as concorrentes, alegando risco de falência da empresa.

— O sinal é muito ruim quando duas concorrentes se unem para comprar uma outra empresa do setor — disse.

Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, afirma que ainda há muitos pontos para serem definidos no negócio.

—Haverá um debate sobre a divisão. O Cade terá que apurar concentração de mercado, então provavelmente não será meio a meio — disse ele.

Fonte: O Globo

Matéria do jornal.

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